OPINIÃO
Por SÉRGIO FREITAS TEIXEIRA
Quando em 2006 entrevistei Leonardo Jardim pela primeira vez nunca esqueci esta frase do agora treinador do Sporting: «Estou certo que daqui a cinco/seis anos vou estar a treinar a Liga», dizia-me, então, com uma convicção inabalável para um treinador que na altura treinava o Camacha da II Divisão Nacional.
Leonardo surpreendia-me, desde logo, pela ambição que demonstrava, estando ele (ainda) num nível tão modesto e já com tamanha convicção num futuro ao mais alto nível do futebol português. Pois bem, fazendo as contas à carreira do técnico madeirense, não é que acertou quase em cheio! Na temporada seguinte Leonardo Jardim saia da Camacha rumo ao Chaves, onde, uma época depois de ter chegado, conseguiu subir o clube à Liga de Honra. Na passagem pelo Beira-Mar novo sucesso. Desta vez a subida da Liga de Honra até à Liga, e de forma ainda mais rápida. Em menos de uma época.
E foi então na temporada de 2010/2011 que Leonardo Jardim estreava-se na Liga. Quatro/cinco anos depois de ter garantido que ia lá estar. Depois da passagem pelo Sp. Braga, e consequentemente, estreia na Liga Europa, Leonardo rumou à primeira aventura no estrangeiro para o competitivo Olympiacos da Grécia onde se estreou na Liga dos Campeões, e saiu numa fase em que o clube estava bem destacado na liderança da Liga Grega.
A nova era leonina
E chegamos ao Sporting. Depois de uma época desastrosa, a saída de Godinho Lopes e a mudança de visão/estratégia do clube com Bruno Carvalho - voltou a ser um clube formador que aposta na prata da casa e livrou-se dos excedentários com ordenados desenquadrados com o rendimento -, abriu caminho à aposta em Leonardo Jardim que se fez acompanhar do "braço direito" António Vieira e ainda de Nélson Caldeira. Outros dois madeirenses que também têm sido parte importante no sucesso alcançado.
A reformulação profunda no plantel do Sporting não serviu de obstáculo a Leonardo. Pelo contrário. O treinador leonino construiu, em pouco tempo, uma equipa com uma identidade própria (como há muito não se via em Alvalade) fazendo simultaneamente apostas pessoais em jovens desconhecidos. William Carvalho, recém-convocado à seleção principal de Portugal, foi a cereja em cima do bolo.
No campeonato, o Sporting, com nove jornadas disputadas, é segundo classificado a apenas três pontos do FC Porto. Na Taça de Portugal, os leões despediram-se este sábado da competição depois de um jogo fantástico de futebol frente ao rival Benfica (estavam a perder 3-1, fizeram o 3-3, mas acabaram por perder por 4-3, num jogo em que voltaram a mostrar muito futebol, principalmente na segunda parte ). No final do "derby", Bruno Carvalho, Jorge Jesus e demais intervenientes estavam com as emoções à flor da pele depois de tão emocionante jogo, mas Leonardo Jardim contrastava com os restantes pela tranquilidade que demonstrava. E é assim em qualquer circunstância. Quer empate, ganhe ou perca.
Com 39 anos, este madeirense vai, certamente, ainda dar muito que falar no futebol português e fora de portas.
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