quinta-feira, 20 de março de 2014

Antiquário madeirense Jorge Welsh presente na Feira TEFAF Maastricht com peças raras



Por LUÍS ROCHA
O prestigiado antiquário madeirense Jorge Welsh volta a estar presente, este ano, na TEFAF Maastricht, um certame que é considerado das melhores feiras de arte e antiguidades do mundo. Welsh, que se dedica à porcelana oriental, além das obras de arte, apresenta actualmente no stand 210 da referida feira exemplares de qualidade superlativa, relacionados com a expansão europeia, nomeadamente provenientes de África (arte afro-portuguesa), Índia (arte indo-portuguesa, Japão (a denominada arte 'namban') e China (porcelana de exportação e para o mercado interno). 
A TEFAF Maastricht, já na sua vigésima sétima edição, iniciou-se no passado dia 14 naquela cidade dos Países Baixos, e mantém-se em actividade até 23 de Março. Reúne mais de duas centenas e meia de antiquários provenientes de vinte países, nomeadamente Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia, Mónaco, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido, EUA, Noruega, Dinamarca e Uruguai. Entre as obras trazidas por estes profissionais contam-se desde a pintura dos grandes mestres aos artistas contemporâneos, mobiliário, prata, cerâmica, escultura, alta joalharia, livros e manuscritos e trabalhos sobre papel, cobrindo um período da história da arte que se estende desde a pré-história à arte contemporânea. 
Todas as obras são analisadas antecipadamente por 29 comités constituídos por mais de 175 peritos internacionais que avaliam a qualidade, o estado de conservação e a autenticidade, assegurando confiança ao comprador. Mais de 200 museus e 73 mil coleccionadores particulares e institucionais visitam anualmente a Feira. Da Madeira, o Dominio Público sabe que este ano visita a TEFAF o director de serviços de Museus e Património da DRAC, Francisco Clode de Sousa. 
Jorge Welsh, um madeirense que construiu nome internacional no mercado de antiguidades e obras de arte, associado a Luísa Vinhais, com quem mantém galerias em Londres e em Lisboa, é especializado em obras de arte relacionadas com a expansão portuguesa e europeia, também já contribuiu para o mundo académico internacional editando (na Jorge Welsh Books) livros e catálogos de referência e organizando conferências sobre a matéria sobre a qual de preferência se debruça.
Nesta edição da TEFAF, entre as peças que apresenta, destacam-se particularmente duas: um par de grandes potes em porcelana da China decorada com esmaltes da 'família rosa' e ouro sobre o vidrado, de um tipo especialmente designado 'vasos soldado'. O nome deriva de uma troca histórica realizada entre Augusto o Forte, Eleitor da Saxónia e rei da Polónia e da Lituânia (1670-1733) e o 'Rei Soldado', Frederico Guilherme I, da Prússia (1688-1740), em 1717. O primeiro, patrono da fábrica de Meissen e coleccionador ávido de porcelana da China, recebeu 151 vasos em troca de 600 soldados de cavalaria do seu exército. 
Extremamente difíceis de executar, estes potes constituíam as peças de porcelana chinesa mais caras a serem exportadas para o Ocidente na época, assumindo-se como um luxo claramente exclusivo da nobreza europeia. Por isso, e pela sua beleza, são altamente valorizados. 
O outro item é uma terrina em forma de Spaniel em porcelana da China decorada com esmaltes policromos e outro sobre o vidrado. 
Embora os modelos de Spaniels e outros cães em porcelana chinesa fossem produzidos com regularidade para o mercado de exportação. as terrinas em forma de cães são extremamente raras. Aquelas que eram modeladas em forma de animais, frutas e legumes eram muito apreciadas no Velho Continente no século XVIII, e eram geralmente resultado de encomendas privadas, para abrilhantar os já extensos e elaborados serviços de jantar. 



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