Líder da Câmara Municipal do Funchal apela ao "bom-senso" e ao "sentido de responsabilidade" dos vereadores da 'Mudança'. Cafôfo diz que fez várias cedências e critica o abandono de pelouros, sem renúncia de mandato, o que impossibilita a substituição da vice Filipa Jardim Fernandes e de Edgar da Silva. O edil garante que não abandonará o cargo.
POR PATRÍCIA GASPAR
Foi perante uma plateia emocionada e apreensiva que o presidente da Câmara Municipal do Funchal reafirmou, esta quinta-feira, a intenção de se manter em funções. "Independentemente do que acontecer, não abandonarei os funchalenses, nem irei desistir do projecto 'Mudança', garantiu.
Depois de explicar os meandros das negociações prolongadas desde sexta-feira passada, Paulo Cafôfo deixou críticas aos vereadores que "deviam se sentir honrados" e respeitar o compromisso assumido com eleitorado.
O edil apela ao "bom-senso" e ao "sentido de responsabilidade" dos vereadores da 'Mudança', mostrando-se aberto ao diálogo, mas pedindo em simultâneo para que não bloqueiem o funcionamento da Câmara com o abandono de pelouros sem a renúncia de mandatos, uma decisão consciente, sublinha Cafôfo, que não configura "a atitude certa" de um eleito que assumiu o seu mandato.
"A intenção de abandonar os seus cargos sem renúncia de mandato impossibilita a substituição destes vereadores por outros da lista da Coligação 'Mudança', os quais podem e estão dispostos a exercer o seu mandato com seriedade, responsabilidade e compromisso", explicou o líder da CMF aos presentes, colocando o enfâse na opção dos vereadores em não trabalharem a tempo inteiro e de impedirem que "outros que também lutaram e integraram o projecto 'Mudança'" possam substitui-los.
"Quero deixar bem claro que não lhes foi revogada nenhuma das competências atribuídas e que agora pretendem abandonar. Os mesmos mantêm-se na plenitude das suas funções e apelo ao seu bom-senso para mantermos uma equipa de quatro elementos a gerir a Câmara Municipal do Funchal", sublinhou Cafôfo, adiando que apenas lhe interessam soluções e "andar para a frente".
Cafôfo explica
Esta tarde, o presidente da Câmara Municipal quis explicar aos munícipes os acontecimentos dos últimos dias, lembrando que o conflito na CMF passou para o domínio público após a retirada de competências a Gil Canha.
De acordo com Paulo Cafôfo, os vereadores e o próprio Gil Canha terão aceite inicialmente a alteração de competências decidida na sequência de várias reuniões de balanço, quer com a vereação, quer com os representantes dos partidos da Coligação.
O edil adianta que foi com o intuito de melhorar o trabalho da Câmara e de responder a diversas reclamações do pequeno comércio que decidiu chamar a si a fiscalização municipal, o departamento de Planeamento Estratégico e a liderança da revisão do Plano Director Municipal (PDM).
"Esta foi uma decisão combinada e aceite inicialmente pelo vereador Gil Canha", diz Cafôfo para quem a autarquia "não pode ser um obstáculo ao desenvolvimento".
De acordo com o presidente da Câmara do Funchal, Canha comunicou no mesmo dia a mudança de ideias. A posteriori, Cafôfo garante ter recuado na decisão de gerir o departamento de Planeamento Estratégico, uma postura que não demoveu o vereador do PND cuja posição foi pedir que "lhe retirassem todos os pelouros.
Perante a "intransigência" de Canha, Cafôfo diz ter reunido com os vereadores Filipa Jardim Fernandes e Edgar da Silva e de ter acedido às suas exigências, sendo que ambos "voltaram atrás no mesmo dia sem explicações aparentes", ao ponto de terem emitido, ontem, um comunicado de renuncia aos seus pelouros, sem abandono do mandato. Esta é uma atitude consciente, lamenta o edil, e que põe em causa o funcionamento da Câmara empossada há apenas seis meses.
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