terça-feira, 13 de maio de 2014

Centro de Reprodução Animal do Porto Moniz ao abandono

Local já criou mais de 100 cabeças de gado e produziu mais de 100 mil litros de leite.
Por EMANUEL SILVA
Em 1994 foram compradas duas éguas à Coudelaria Nacional
para, aqui, criar cavalos 'puro sangue lusitanos'.
Quando estava sob a tutela da extinta Direcção Regional de Pecuária (Direcção de Serviços de Melhoramento Animal) era um regalo ver aquele espaço.
O Centro de Reprodução Animal do Porto Moniz e o Centro de Ovinicultura da Madeira, em Santana, davam cartas no sector pecuário.
Não obstante a importação de carne e seus derivados, a Madeira ‘deixou cair’ este importante sector agrícola.
A produção de leite já teve tempos áureos. Não havia sítio onde não houvesse uma desnatadeira (posto de recolha de leite). Por exemplo, no Porto Moniz, o sector ficou reduzido a um único produtor de leite. Em 1995 havia 79 produtores e cinco postos de recolha.
Em 1995, só o Centro de Reprodução Animal do Porto Moniz entregou à então UCALPLIM mais de 106 mil litros de leite o que se traduziu numa receita superior a 6.300 contos.
O número de cabeças de gado então existentes oscilaram entre as 90 e as 116. Hoje contam-se pelos dedos das duas mãos.
Ainda há poucos anos, nas acções previstas para o quadriénio 1997-2000, a extinta Direcção Regional de Pecuária previa a construção de equipamento e cavalariças e um picadeiro com capacidade para 20 equídeos reprodutores, no Centro de Reprodução Animal.
Também para o local foi implementada a remodelação da sala de ordenha e do viteleiro. Até se previu a construção de uma sala de partos e de uma enfermaria além da substituição de todo o abastecimento de água ao local.
O projecto do ex-director regional de pecuária, Carlos Dória era tão promissor que até de previa o aumento da superfície agrícola útil através da aquisição de alguns prédios adjacentes ao Centro de Reprodução.
A experimentação zootécnica de novas raças bovinas, através do cruzamento de raças e inseminação artificial, para obtenção de animais de engorda intensiva (nomeadamente Limousine e Semental) também estava no horizonte.
Por água abaixo foi também o núcleo de raça charolesa. Assim como a produção de cavalos puro sangue lusitanos, iniciada no Porto Moniz em 1994. Até foram adquiridas duas éguas à Coudelaria Nacional, uma delas prenha. Posteriormente juntou-se um garanhão.
Veja-se o programa de investimento, a incluir no PIDDAR 96, denominado ‘melhoramento das estruturas de apoio à produção de bovinos e cavalos’.
Para atestar do que o Centro de Reprodução Animal do Porto Moniz é capaz atente-se ao relatório de actividades da ex-Direcção de Pecuária relativo ao ano económico de 1995:
Nesse ano, porque a área de produção de feno nem era insuficiente, o Centro até se viu na contingência de comprar a 3 particulares, para alimentação do gado, 281 toneladas de feno, pago a 44 escudos ao quilo. E a ração consumida, adquirida à ‘Rama’ ascendeu a 114 toneladas.
O Centro de Reprodução tinha também funções pedagógicas, designadamente nas boas práticas higio-sanitárias na produção de leite. As análises que o Laboratório Regional de Veterinária fizeram comprovam-no.
O arquivo da estação zootécnica em 2007.
Em Julho de 2007, o Arquivo Regional da Madeira, num acordo de colaboração com a Direcção Regional de Veterinária, iniciou os trabalhos de inventariação e recuperação de documentos na área da pecuária.
Foi no estado que a imagem documenta que, em Maio de 2007, os técnicos do arquivo regional encontraram documentação, no início da intervenção, na Estação Zootécnica da Madeira, Porto Moniz (Maio 2007).
Segundo conseguimos apurar, o terreno onde se encontra o Centro de Reprodução Animal/ Estação Zootécnica da Madeira é um baldio municipal arrendado pela Câmara do Porto Moniz ao Governo Regional (então Junta Geral) na longínqua década de 50.

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