segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Madeira nos documentos confidenciais do Wikileaks

DOSSIER WIKILEAKS
O 'Domínio Público' vai publicar, esta semana, vários artigos sobre os telegramas revelados pelo Wikileaks e onde o nome da Madeira é referenciado.
Com efeito, entre 1973 e 2010, a troca de correspondência diplomática norte-americana revela mais de 300 telegramas em que o nome ‘Madeira’ aparece. Vamos começar pelo período antes do 25 de Abril de 1974.

Por EMANUEL SILVA
A primeira referência à Madeira num documento confidencial é de 22 de Agosto de 1973. Num telegrama do departamento de estado norte-americano para os comandos militares da NATO sob o título ‘negociações sobre os Açores’, fala-se da necessidade de aprovação por parte da NATO de prorrogação da área ‘Iberlant’  (que já incluía a Madeira) para incluir também os Açores.
O segundo telegrama é de 31 de Agosto de 1973 e reporta, desde a embaixada dos EUA em Lisboa, para o departamento de estado norte-americano, a morte de John Noble Miller.
Efectivamente, o então cônsul dos EUA no Funchal, Ronald Garton tinha dado conhecimento à embaixada em Lisboa de que o homem de negócios tinha falecido a 19 de Agosto de 1973 e a dar pormenores sobre a herança.
Em matéria de diplomacia económica/comércio, ainda em 1973, mais precisamente a 5 de Setembro, a embaixada dos EUA em Lisboa, para eventuais candidaturas de empresas interessadas, dá conta de que as autoridades portuguesas (então direcção-geral de aeronáutica civil e turismo) tinham feito um convite a empresas norte-americanas para apresentar propostas de estudos para o aeroporto da Madeira.
A 12 de Setembro de 1973, a embaixada dos EUA em Roma dá conta de uma reunião de empreiteiros interessados em oleodutos. A reunião teria lugar na Madeira, a 2 de Outubro de 1973 e pedia-se os bons ofícios da embaixada em Lisboa para facilitar o encontro.
A 28 de Dezembro de 1973, a embaixada dos EUA em Lisboa informa as suas congéneres em Angola, Moçambique e Espanha de que houve uma tentativa de golpe de estado frustrada em Portugal. E fala de algumas deportações de militares para os Açores e para a Madeira.
A 1 de Janeiro de 1974, o departamento de estado norte-americano dá conta à embaixada em Lisboa de que, segundo o cônsul dos EUA no Funchal, Ronald Garton tinham desaparecido os pertences de um cidadão norte-americano (Skinner), embarcados no navio ‘MC Lena’, no Funchal. A América mandou abrir um inquérito para apurar as circunstâncias do desaparecimento.
A 13 de Março de 1974, o cônsul dos EUA em Ponta Delgada (Açores) reporta a embaixada norte-americana, em Lisboa, do exílio, nos Açores e na Madeira, de patentes militares. Dá conta de que o jornalista Gustano Moura e a agência ANP tinham indagado o consulado em Ponta Delgada para saber da chegada de militares exilados à base das Lajes.
A 14 de Março de 1974, sob o título “Spínola e Costa Gomes”, a embaixada dos EUA em Lisboa manda um telegrama a várias chefias militares norte-americanas espalhadas pelo mundo relatando que os jornalistas tinham indagado se era verdade que um relatório confidencial de Washington tinha imputado a Américo Thomaz e Marcelo Caetano, exilados na Madeira e Spínola e Costa Gomes, nos Açores, talvez a caminho da Guiné, o golpe militar falhado de 8 de Março (de 1974).
A 15 de Março de 1974, a embaixada dos EUA em Lisboa informa vários departamentos espalhados pelo mundo (desde o Brasil, Angola e Londres) de que a política continuava conturbado em Portugal mas que os generais Spínola e Costa Gomes se haviam comprometido a apoiar Marcelo Caetano. “Nas últimas semanas, 2 a 4 oficiais subalternos, que dizem ser líderes de oficiais de patentes inferiores que tinham em Spínola o seu mentor, foram enviados para os Açores e a Madeira”, revela o telegrama.
A 9, 10 e 11 de Abril de 1974, a embaixada do EUA em Lisboa dá conta da morte, no hotel Reid’s, na Madeira de uma cidadã dos EUA, turista, de 91 anos que residia na Suiça e informa o cônsul na Madeira Ronald Garton e a representação diplomática na Suiça e em Londres dos procedimentos a seguir.
A 23 de Abril de 1974, véspera da Revolução dos Cravos, a embaixada dos EUA em Lisboa ainda dá conta da visita a Angola do padre norte-americano de origem portuguesa, Anthony Rocha, especialista em gerontologia e administração de saúde, com passagem pelos Açores e pela Madeira... (CONTINUA... LEIA MAIS AMANHÃ)

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