Por EMANUEL SILVA
Nasceu em Machico no ano de 1938. Fez ontem 75 anos. Foi ordenado padre a 15 de Agosto de 1962, celebrando a sua primeira missa a 15 de Agosto de 1962, na igreja Matriz de Machico, freguesia de Machico. A 22 de Junho de 1969 é nomeado pároco da Ribeira Seca.
A sua vida profissional fica ainda marcada pela sua actividade enquanto professor em diversas escolas madeirenses bem como pelas suas funções de capelão durante dois anos na guerra do Ultramar. A 5 de Novembro de 1974, o bispo D. Francisco Santana, auxiliado por elementos das forças policiais, tentou expulsá-lo da paróquia da Ribeira Seca. Foram momentos de tensão, vigílias durante mais de duas semanas. Chegou mesmo a organizar-se uma manifestação junto ao Paço Episcopal do Funchal que culmina com a detonação de um engenho explosivo.
O seu múnus sacerdotal foi suspenso a 27 de Julho de 1977, por ordem de D. Francisco Santana, que caracterizou a sua actividade política como sendo contrária às orientações católicas. Este castigo é reconfirmado em Fevereiro de 1985 pelo bispo D. Teodoro de Faria. A suspensão 'a divinis' impediria o sacerdote de realizar certas funções sacerdotais, entre as quais celebrar missas e ministrar os sacramentos. Na prática a suspensão não teve qualquer resultado pois o Pe. Martins Júnior continuou, com o apoio dos seus paroquianos, a celebrar a eucaristia e a ministrar os sacramentos.
A 27 de Fevereiro de 1985, 40 polícias ocuparam a igreja da Ribeira Seca e a casa paroquial durante 18 dias e 18 noites. O Pe. Martins Júnior celebrava missa nos campos para os fiéis da sua paróquia.
Esta situação culmina, em 1991, com a instauração de um processo crime, por parte do Ministério Público (MP), por “abuso de designação, sinal ou uniforme”, de acordo com o artigo XV da Concordata de 1940. A 29 de Outubro de 2001 é novamente acusado pelo MP do crime de “abuso de designação, sinal ou uniforme”. A acusação surgiu após pressões de diversos quadrantes do espectro político e religioso da sociedade madeirense. O caso chegou a ser assunto de debate, por diversas vezes, na Assembleia Legislativa Regional.
Após terminar o seu último mandato como deputado da ALM, em 2007, Martins Júnior perde a imunidade parlamentar e vê o seu julgamento agendado para Julho de 2008. Levantam-se diversas dúvidas sobre a validade da acusação pois o artigo que considerava o crime de que é acusado deixou de existir aquando da revisão da Concordata de 1940. O julgamento ficou suspenso.
Após o abandono do cargo de Bispo do Funchal por parte de D. Teodoro de Faria o seu lugar é assumido por D. António Carrilho. Esta mudança na hierarquia religiosa regional vai permitir uma maior aproximação entre o Padre Martins Júnior e as actuais estruturas religiosas. D. António Carrilho manifesta vontade de reintegrá-lo, admitindo mesmo a possibilidade de considerar válidos os sacramentos por ele ministrados durante os últimos 30 anos. Foi sol de pouca dura.
No período pós 25 de Abril esteve na génese da criação de diversos organismos de cariz intervencionista, popular e populista, tais como: o “Centro de Informação Popular”, a “União das Bordadeiras”, a “Cooperativa Povo Unido”, e várias outras comissões. Muitas lutas deveram-se ao regime de colonia.
Em Fevereiro de 1975, José Martins Júnior foi nomeado pelo então governador, Carlos Azeredo para ocupar o lugar, entretanto deixado vago por José Alexandre Teixeira. Foi neste contexto de “ebulição” social que, em Setembro de 1975, sob a sua alçada e com o seu apoio, é constituído um “Tribunal Popular” com o propósito de julgar seis menores (bem como o pai de dois deles) acusados de perturbarem a ordem pública e cometerem actos de delinquência. A situação atinge uma tal gravidade que o governador Carlos de Azeredo é obrigado a enviar uma coluna militar para resgatar os menores numa altura em que já se temia um linchamento popular.
No seguimento destes acontecimentos o General Carlos de Azeredo demite Martins Júnior da presidência da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Machico.
Em 1989 candidata-se, nas eleições autárquicas, à Câmara Municipal de Machico como cabeça de lista da UDP (União Democrática Popular), tendo este partido ganho as eleições no concelho de Machico com 49,68% dos votos contra 43,44% do PSD (Partido Social Democrata). José Martins Júnior era eleito, desta vez através de sufrágio universal, presidente da Câmara Municipal de Machico.
É reeleito a 12 de Dezembro de 1993, desta vez encabeçando uma lista do PS (Partido Socialista), com 47,44% dos votos contra 42,25% do PSD.
Candidatou-se, e foi eleito, por sete vezes ao cargo de deputado nas eleições para a ALM. Entre 1976 e 1988 foi eleito deputado da Assembleia Regional por 4 vezes (1976, 1980, 1984, 1988) pelas listas da UDP, pelo círculo eleitoral de Machico. Entre 1996 e 2004 foi novamente eleito por 3 vezes (1996, 2000 e 2004), desta vez integrando as listas do PS, pelo círculo eleitoral de Machico.
Assumiu um papel activo na elaboração de diversas publicações sobre a história de Machico e exaltação do poeta 'Camões pequeno'. Foi fundador do grupo folclórico do Porto Santo. Colaborou activamente com o Grupo de Folclore de Machico sendo responsável por alguns dos temas que ainda hoje são interpretados por este grupo.
Em 2004 edita o álbum intitulado: “Machico, Terra de Abril”, cujas letras foram escritas por populares e musicadas por ele. Em 2008 é lançado novo álbum (“Viva a Vida!”) composto por canções cantadas na igreja da Ribeira Seca. Foi também fundador da Tuna de Câmara de Machico e do Grupo de cantares de dançares da Ribeira Seca.
A 1 de Agosto de 2007 passou a constar da lista de aposentados da Caixa Geral de Aposentações, aos 69 anos de idade, auferindo uma pensão de 3186,54 euros.
Sem comentários:
Enviar um comentário