terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Joe Berardo critica hipocrisia de Cavaco Silva ao associar-se à cerimónia de despedida de Nelson Mandela

Em causa a deslocação do presidente da República à África do Sul e as "trapalhadas" dos votos na ONU em 1987.

Por EMANUEL SILVA

O comendador Joe Berardo critica a hipocrisia do presidente do República, Cavaco Silva ao associar-se hoje à cerimónia de despedida do prémio nobel da paz, Nelson Mandela.




Joe Berardo disse ser preferível que a representação de Portugal fosse assegurada pelo Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho ou mesmo pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Rui Machete.
“Ouvi hoje na rádio que o presidente [Cavaco Silva] chega [à África do Sul] às 11 horas e regressa à tarde. Fica apenas algumas horas e nem vai visitar a comunidade…. Era preferível não ir”, disse.

Joe Berardo confidenciou que se cruzou ontem com Rui Machete a quem indagou da possibilidade de ser este e não Cavaco Silva a deslocar-se à África do Sul. “Deu-me uma resposta encalhada. Parecia que não era o MNE”, disse.
Joe Berardo considera ter sido “uma trapalhada” o facto do Governo de Cavaco Silva ter votado, em 1987, contra e a favor de resoluções diferentes das Nações Unidas que pediam a libertação de Nelson Mandela.
Além disso, lembra que, nos governos de Cavaco Silva, foram tormentosas as negociações relativas à barragem de Cahora Bassa (Moçambique) que também abastece de energia a África do Sul.

O empresário madeirense foi, ele próprio, convidado por parte de um dos filhos de Graça Machel para associar-se às cerimónias de hoje na África do Sul. Declinou o convite porque não gosta de cerimónias fúnebres.
Tal não obsta a que considere Nelson Mandela “um grande homem, um exemplo para o mundo”. Mandela, tal como Ghandi [Berardo está hoje em Anadia a homenagear Ghandi], atingiu um patamar ao alcance de poucos.

“Gostava de atingir a espiritualidade dele. É o ser humano que mais se aproxima de Deus. Um homem que deixa um exemplo cultural e espiritual extraordinário. Sem guerras e vaidades pessoais. A reconciliação que fez na África do Sul é uma obra notável. Congregar 7 raças e diferentes tribos. É um exemplo para os políticos”, disse.
Para Joe Berardo, o legado maior deixada por Nelson Mandela foi a mensagem de tolerância e reconciliação e resume-se no seguinte: “Não interessa o sofrimento, o que interessa é perdoar”, disse. “Ainda bem que não se vingou”, acrescentou.
E foi a pensar em Nelson Mandela que Joe Berardo inaugurou, a 11 de Julho último, em Azeitão, na Bacalhoa Vinho de Portugal, a exposição de colecções de arte africana. A exposição de homenagem ao líder sul-africano, Nelson Mandela chama-se ‘Out of África’.
Joe Berardo fez fortuna na África do Sul, na década de 80, com várias participações em explorações de ouro. Chegou à África do Sul aos 18 anos. Esteve várias vezes com Nelson Mandela.
A ligação de Joe Berardo à África do Sul mantém-se. Por exemplo, pretende reavivar a memória da passagem de outro grande líder mundial pela África do Sul: Ghandi.
“Estive na casa onde viveu, em Durban. Tentei negociar a compra da casa para fazer dela um lugar de peregrinação. Essa ideia ainda não foi completamente abandonada”, confidenciou.


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