Com a devida vénia ao blogue 'O banquete da palavra'
Estas manhãs que nos despertam, nos últimos dias, têm sido recebidas com muita perplexidade. Tudo começa com o desaparecimento de um menino de apenas 18 meses de idade, totalmente dependente dos adultos. Passados três dias aparece sobre um monte de feiteira junto de uma levada perigosa para uma criança com esta idade.
O primeiro sentimento que nos assiste é a tristeza. A seguir fomos vendo, lendo e ouvindo o turbilhão de notícias e comentários com as mais variadas hipóteses sobre o sucedido. Tantos mestres neste género de efemérides...
Não pretendo aqui pronunciar-me se estamos perante um rapto com fins que só sabe Deus e a cabeça de quem acha que este tipo de crimes compensa alguma coisa, uma vingança para pregar um susto à família, uma brincadeira de mau gosto entre tantas outras hipóteses que fui lendo e ouvindo por estes dias. Também não vou discutir se fizeram bem as autoridades em terem suspendido as buscas ou se deviam ter continuado a procurar até que se desse do achamento da criança. Não tenho elementos para ter uma opinião aturada sobre esta questão.
Por isso, o que mais desejo partilhar sobre esta questão em jeito de reflexão é a situação de pobreza em que se encontra a família do Daniel e ainda mais o facto de sentirem a ostracização, o abandono a que estão votados. Parece que poucos gostam da família do Daniel. São estes os pobres dos pobres de Deus que ninguém quer saber, porque estão rotulados, marcados pelo dedo alheio, que é sempre mais rápido a apontar o argueiro no olho do vizinho.
Agora espero que as portas se abram para o Daniel e para sua família. Que o sofrimento do pequeno Daniel tenha alguma utilidade, não seria a primeira vez que um menino salva uma família inteira.
Às autoridades, é pedido que despertem para estas situações dramáticas em que estão várias famílias da nossa terra. A família do Daniel é uma entre tantas. À comunidade em geral fazemos um apelo. Vamos despertar e reclamar por justiça, para que ninguém tenha que viver em pardieiros, em barracas improvisadas onde o vizinho mais próximo são as perigosas correntes de ar e o frio. Vamos lutar por justiça. Vamos colocar à frente dos nossos destinos gente sensível a estes dramas. Vamos estar atentos à nossa volta e apontar às autoridades que assim não podemos continuar com políticas que beneficiam sempre os mesmos e menosprezam a situação concreta dos mais fracos, que é a maioria do nosso povo.
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