A audiência preliminar do
processo movido em 2003 pela ‘Carpemar’ contra o Estado Português está marcada
para 12 de Junho.
Por EMANUEL SILVA
O tribunal de Vara
Mista do Funchal agendou para 12 de Junho (próxima quinta-feira) a audiência
preliminar de um processo que remonta a 2003 e que tem a ver com a propriedade
de terrenos na zona da praia do Toco, Lazareto, Funchal.
Recorde-se que, para o
local, a Câmara do Funchal (CMF) tinha projectado um mega investimento
imobiliário.
A acção foi proposta pela
empresa ‘Carpemar-Sociedade Imobiliaira S.A.’ que, ainda antes e sem
prejuízo do processo administrativo que inviabilizou o projecto, demandou o Estado
Português para reconhecer que
aqueles terrenos são imemorialmente privados e não do Domínio Público Martítimo
(DPM).
Na acção que vai começar a ser preliminarmente
apreciada a 12 de Junho são chamadas dezenas de pessoas colectivas e singulares
com interesses naquela zona da praia do Toco. Nalguns casos herdeiros
habilitados.
Recorde-se que, no processo administrativo, em
Outubro de 2005, o Tribunal Administrativo declarou sem efeito a aceitação
da proposta para o Toco. O tribunal decidiu que o acto público de 1/6/2005 no
qual foi aceite uma única proposta para o Toco foi «juridicamente ineficaz». A
única proposta aceite tinha sido da sociedade ligada a empresários ‘tubarões’
regionais, “TOCO – Investimentos Turísticos e Imobiliários,
SA”.
No acto público de
1/6/2005 o júri do concurso público internacional de concepção, construção e
exploração do Complexo da Marina do Toco tinha aceite a única proposta
concorrente apresentada pelo consórcio "Toco, Empreendimentos Turísticos e
Imobiliários".
Ora, a empresa que se
reclama proprietária de interesses imobiliários na zona - "Carpemar,
Sociedade Imobiliária" recorreu aos tribunais para travar o procedimento
pré-contratual.
Fê-lo por entender que
o avanço assentava no pressuposto ilegal da utilização de propriedade alheia
sem consentimento do dono.
E conseguiu uma vez que
a autarquia acabou por desistir da intenção.
O juiz suspendeu a instância por considerar a prejudicialidade da acção que corre termos no Tribunal de Vara Mista do Funchal, na qual está em causa a propriedade em que a requerente assentava a sua pretensão.
O juiz suspendeu a instância por considerar a prejudicialidade da acção que corre termos no Tribunal de Vara Mista do Funchal, na qual está em causa a propriedade em que a requerente assentava a sua pretensão.
Recorde-se que o
consórcio ‘vencedor’ propunha-se construir marinas, hotéis, prédios de
habitação e um pavilhão multiusos até 2011, por 369,5 milhões de euros.
A CMF tencionava concessionar a privados, por
100 anos, a construção e exploração do projecto turístico e urbanístico na
presunção que o local de implantação era, na plenitude ou em parte, de DPM. É
isso que agora se verá.
A possibilidade de a CMF intervir em DPM
havia sido decidida pelo Governo Regional em 2003, invocando o interesse público
do projecto. Segundo a lei, porém, estes poderes são exclusivos do Estado, além
de que a edificação não seria permitida por nenhum dos planos de ordenamento da
zona.
Ao concurso internacional aberto pela autarquia, apresentou-se apenas uma empresa, criada em Abril daquele ano, que tinha como administradores empresários ligados a Jaime Ramos (secretário-geral do PSD-Madeira) e a Miguel de Sousa (do PSD, vice-presidente da Assembleia Legislativa Regional).
O projecto previa uma área de construção de 128 mil m2, parte dos quais conquistados ao mar, para uma marina, lojas, restaurantes, habitação (824 apartamentos), escritórios, um hotel e um aparthotel, além de zonas de lazer e de praia.
Ao concurso internacional aberto pela autarquia, apresentou-se apenas uma empresa, criada em Abril daquele ano, que tinha como administradores empresários ligados a Jaime Ramos (secretário-geral do PSD-Madeira) e a Miguel de Sousa (do PSD, vice-presidente da Assembleia Legislativa Regional).
O projecto previa uma área de construção de 128 mil m2, parte dos quais conquistados ao mar, para uma marina, lojas, restaurantes, habitação (824 apartamentos), escritórios, um hotel e um aparthotel, além de zonas de lazer e de praia.
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